Um relatório da McKinsey Global Institute prevê que, até 2025, a internet das coisas (IoT) terá um impacto econômico de US$ 3,9 trilhões a US$ 11,1 trilhões. Estima-se que, a cada segundo, 127 novos aparelhos se conectam à internet no mundo. Estes dispositivos geram um volume de dados colossal. O IDC estima que, em 2025, teremos 41.6 bilhões de dispositivos conectados. Estes dispositivos, ou “coisas”, serão responsáveis pela geração de 79.4 zettabytes de dados.
Este volume incrível de dados, quando adequadamente capturados, transmitidos, processados, consolidados, sequenciados e analisados são transformados em inteligência para gestão. É esse o papel do centro de operações inteligente, ou IoC. O papel desempenhado pelo IoC é similar ao do cérebro no corpo humano. Informações captadas pelo sistema nervoso são levadas a um centro de controle e ali transformadas em inteligência. Num momento de postão ou crise, como a que estamos vivendo com a pandemia de coronavírus, a eficiência desse processo tem de ser máxima.
A finalidade do IoC na administração pública
A contextualização fica mais clara quando pensamos em um IoC com uma finalidade específica. Um centro de comando destinado a coordenar a estratégia de segurança de um estado, por exemplo, tem a função de consolidação de dados e coordenação de diferentes atores envolvidos neste serviço público. Câmeras com diferentes finalidades e funcionalidades estrategicamente distribuídas, dados gerados pelas viaturas das forças policiais, informações decorrentes do trabalho investigativo de agentes, são exemplos de fontes de informações vitais para o funcionamento da política de segurança. No enfrentamento do coronavírus, essa frente de atuação pode se integrar ainda com informações relevantes para a administração da saúde pública e privada, mediante cruzamento inteligente de dados que forneçam elementos para a polícia e agentes de saúde gerir, por exemplo, rotas de acesso rápido a hospitais e postos de saúde.
Qualidade para tomada de decisão
A consolidação e cruzamento de informações de variadas pontas no IoC garantem que as decisões tomadas ali sejam melhor embasadas – levando em conta todas as variáveis envolvidas em processos tão complexos, e as perspectivas dos atores envolvidos.
Um gestor em posição de liderança numa empresa com operações complexas ou em órgãos públicos, sabe que a qualidade de suas decisões depende diretamente da qualidade das informações que ele possui. Suas ações devem ser baseadas em informações precisas, analisadas e processadas de forma ágil.
No universo corporativo, IoCs vêm sendo implementados em empresas de setores como o de mineração, distribuição e transmissão de energia, segurança, logística e transportes, e óleo e gás. No âmbito público, as oportunidades de geração de valor para a administração pública e para o cidadão são enormes. Líderes envolvidos nos temas de saúde, segurança e mobilidade têm sido pioneiros na implantação de IoCs em suas esferas.
No âmbito municipal, gestores têm trabalhado na implantação de IoCs para centralizar dados e gerir seus municípios de forma coordenada. O IESE Cities in Motion Index (CIMI 2019), índice publicado pela escola de administração da Universidade de Navarra, na Espanha, destacou os municípios de Londres, Nova Iorque, Amsterdam, Paris e Reykjavík como as cidades mais avançadas na adoção de tecnologias inteligentes para a gestão municipal, dentre as 174 analisadas.
No Brasil, Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Curitiba e Salvador foram ranqueadas conforme medição de uma série de indicadores “Econômicos”, de “Capital Humano”, de “Coesão Social”, “Governança”, “Sustentabilidade”, “Mobilidade”, “Planejamento Urbano” e “Tecnologia”.
O desenvolvimento tecnológico no mundo atual nos permite implementar soluções tanto para a potencialização da cadeia de valor industrial e econômica, quanto para a gestão da coisa pública com foco nas necessidades humanas. Neste contexto está inserido o IoC, como o cérebro de um sistema nervoso inteligente e interconectado, capaz de melhorar nosso processo de gestão e decisão sobre operações complexas.