Infraestrutura Digital – Episódio 10

Com a Transformação Digital – acelerada pela pandemia - suportar o crescimento exponencial da geração de dados exige infraestruturas de processamento absolutamente eficientes e seguras. Este é o ponto de partida do décimo episódio do podcast greenTALKS, "Infraestrutura Digital", com Carlos Eduardo Dumard, Gerente de Soluções de Tecnologia da green4T.

Infraestrutura Digital – Episódio 10

Olá, seja bem-vindo ao **greenTALKS**, mais um canal de comunicação e conteúdo da green4T. Esse podcast está disponível no Spotify, em nosso canal no YouTube e também em nossas mídias sociais.

Me chamo Fabiano Mazzei e sou jornalista na green4T. Esta é a décima edição do podcast e o assunto de hoje é **Infraestrutura Digital.** Uma análise sobre como funciona este tipo de ecossistema de processamento de dados, sua relevância neste contexto de transformação digital das empresas – principalmente em tempos de pandemia –, a sua resiliência, fatores de segurança e o ponto de vista do investimento também.

E quem vai explicar tudo isso para nós é **Carlos Eduardo Dumard, Gerente de Soluções de Tecnologia na green4T.**

**Fabiano: ** Olá Carlos Eduardo, nosso colega Kadu, muito obrigado pela presença!

**Carlos Eduardo Dumard:** Oi Fabiano! Fico honrado com o convite! É um prazer participar do 10º episódio do greentalks e ter a oportunidade de compartilhar um pouquinho de nossa visão sobre infraestrutura digital.

**Fabiano: Kadu, eu gostaria de começar definindo o conceito de infraestrutura digital, porque tem ainda muito desentendimento sobre isso. Você poderia explicar para a gente?**

**Carlos Eduardo:** Fabiano, o conceito de “infraestrutura digital” sem dúvida ainda causa uma certa confusão de entendimento, visto sua correlação com um conceito mais comumente utilizado, que é a [**transformação digital**](https://spoti.fi/3p1xI8Z).

Apesar de haver grande relação entre eles, a **transformação digital está relacionada ao movimento de incorporação/adoção de tecnologias digitais como base para processos e procedimentos** das empresas e corporações, visando gerar mais produtividade, agilidade e segurança frente aos processos não digitais.

Por outro lado, a infraestrutura digital, pode ser referenciada como **o arcabouço tecnológico** necessário para sustentar as necessidades e demandas desses ambientes digitais.

Ela extrapola o ambiente puramente técnico, sendo responsável por prover toda a interação entre o meio físico – que é o mundo real no papel das pessoas – e o meio digital.

Na visão dos estudiosos David Tilson, Kalle Lyytinen e Carsten Sorensen, em artigo publicado em 2010 chamado **Digital Infrastructures,** eles definem infraestruturas digitais como sendo “…as tecnologias de informações básicas e estruturas organizacionais que atuam em conjunto com os serviços e instalações necessários para uma empresa ou indústria operar.”

Complementando essa visão, **a infraestrutura digital atua como sustentação para um ecossistema digital,** onde existe uma correlação e interação com outros meios digitais e físicos.

Olhar a infraestrutura digital por esse prisma de ecossistema facilita entendermos melhor esse conceito e sua correlação com os meios.

**Fabiano: Kadu, importante fazer essa diferenciação inicial. Agora, para aprofundarmos o debate, o que seria a infraestrutura digital híbrida e quais os seus principais diferenciais?**

**Carlos Eduardo:** Infraestrutura digital híbrida basicamente é **a diversificação de estruturas digitais em ambientes distintos,** seja em data centers próprios ou não, nuvens privadas e/ou públicas, e ambientes de edge computing, possibilitando uma infraestrutura digital interconectada e com maior **agilidade, flexibilidade e escalabilidade.**

Como a infraestrutura digital é responsável por suportar e viabilizar a interação com esse ecossistema digital, é fundamental estruturar essa infraestrutura de forma híbrida, para que se consiga explorar todo o potencial desse ambiente. Principalmente, quanto ao desempenho, resiliência e disponibilidade.

Diante disso, pensar e implementar uma infraestrutura digital em ambientes híbridos **é fundamental para garantir a disponibilidade e a qualidade das operações de TI,** o que sem dúvida pode ser um fator de sucesso para o negócio.

A estratégia híbrida, além de aumentar a sua presença no mundo digital, possibilitando coexistir em ambientes distintos, permite também que se diversifique a sua infraestrutura e viabilize maior resiliência para suas operações, sem a necessidade de concentrar investimentos em uma única abordagem de infraestrutura de TI, onde uma falha, ainda que de componentes redundantes, pode afetar a disponibilidade de suas operações. Parafraseando um dito popular “Não coloque todos os seus ovos em uma mesma cesta!”. Mesmo que seja uma cesta digital!

**Fabiano: Muito bem, Kadu. Sob o ponto de vista da resiliência, é correto afirmar que este é um dos principais atributos da infraestrutura digital híbrida?**

**Carlos Eduardo:** Fabiano, sim, sem dúvida! Como acabei de comentar, **diversificar e criar resiliência** é fundamental para as operações de TI, sobretudo por vivermos em um mundo totalmente conectado, no qual as demandas de serviços ocorrem 24horas por dia, 7 dias por semana.

Para processar e distribuir tecnologia de forma eficiente, é necessário uma infraestrutura digital híbrida, **disponível e interoperável.**

Isso porque a disponibilidade das operações e serviços de uma empresa é fator extremante relevante e impacta diretamente na imagem e na reputação da marca.

Para o efeito de comparação, imaginemos uma disputa entre duas empresas de um mesmo segmento onde o e-commerce da marca A tem mais eficiência, disponibilidade e segurança em seus serviços, frente a marca B, devido a uma abordagem de estratégia digital híbrida, gerando mais confiança do que da marca B, que optou por uma abordagem unificada o que dificulta ter resiliência, escalabilidade e flexibilidade.

Diante disso não há dúvida de quem terá melhores resultados.

Essa estratégia híbrida busca, principalmente, **disponibilidade, velocidade e confiabilidade.** A resiliência reflete diretamente nesses itens, pois se sua infraestrutura digital possui resiliência para se ajustar e resistir às variações de demanda, ela estará mais disponível e trará mais confiança por parte dos clientes.

Portanto, é fundamental prover serviços a partir de mais de uma opção de infraestrutura, viabilizando o **transbordo de cargas de trabalho** (workloads) para outros pontos de processamento, se necessário, de maneira ágil.

É claro que se faz necessário considerar as particularidades de cada negócio, avaliando também o uso de todos os recursos disponíveis: as infraestruturas de data center – próprias ou não –, o edge computing e o cloud/multicloud, para se estruturar uma estratégia de infraestrutura híbrida que seja assertiva.

Tivemos exemplos recentes dessa necessidade de escalabilidade e flexibilidade de infraestrutura mesmo em ambientes de cloud.

Em 10 de novembro de 2020, uma falha de conectividade em um grande provedor de cloud, impactou diversos serviços de pagamentos utilizados por bancos como o Nubank, Itaú e o C6 Bank, cujos serviços ficaram indisponíveis por aproximadamente 34 minutos – o que para transações comerciais desse porte resultam em prejuízos bem expostivos;

Quinze dias depois deste episódio, uma nova instabilidade técnica afetou serviços como Roku, Duolingo, Adobe Spark, Flickr, * League of Legends * (LoL) e Pokémon Go. Alguns veículos de comunicação reportaram que o Metrô de Nova York também teria sido afetado nesse dia. No Brasil, de acordo com o site DownDetector, o impacto teria chegado aos serviços da UOL, iFood e PicPay.

Por fim, no dia 28 de novembro, outra instabilidade impactou clientes de maneira global, sendo os maiores reports concentrados nos Estados Unidos, Austrália, Japão e Brasil.

Esses são alguns casos que ocorreram no final de 2020, mas as falhas em grandes provedores de cloud são mais frequentes do que se imagina.

Isso reforça que fazer uso de uma única infraestrutura, mesmo que em cloud, não garante a continuidade dos serviços. Por isso, a infraestrutura híbrida leva vantagem, sendo um modelo que garante as operações, sendo aderente a todos os segmentos de negócios, e que pode ser decisivo para o sucesso da empresa ou instituição nesse mundo digital que vivemos.

**Fabiano: Certo, perfeito. Duas perguntas dentro deste tema da segurança: você poderia contextualizar a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e a infraestrutura digital híbrida? E ainda: quais os critérios para direcionar os dados gerados pela empresa a partir de sua criticidade?**

**Carlos Eduardo:** Fabiano, a LGPD – que é a sigla para Lei Geral de Proteção de Dados, sancionada em agosto de 2018 e vigorando desde 18 de setembro de 2020 – teve como balizador a GDPR, que seria a mesma Lei na União Europeia para regulamentação geral de proteção de dados pessoais.

Dados pessoais, segundo a LGPD, são **quaisquer informações relacionadas a pessoa natural** identificada ou identificável. Com isso empresas e órgãos públicos precisam ser transparentes e responsáveis no manejo desses dados.

A nova lei estabelece regras sobre coleta, armazenamento, tratamento e compartilhamento de dados pessoais, impondo **mais proteção e penalidades** para o não cumprimento dessas regras.

A correlação entre a LGPD e as infraestruturas digitais híbridas pode ser exemplificada quando uma empresa multinacional que atue em solo nacional precise separar a destinação de dados de seus clientes brasileiros – parte devendo ser resguardada no País e parte compartilhada com a sede da companhia no Exterior.

A infraestrutura digital híbrida pode facilitar essa **gestão, manipulação e armazenamento dos dados sensíveis,** guarnecendo-os no continente de origem – obedecendo a legislação local quanto aos critérios de acesso e tratamento dos dados. Contudo, informações não sensíveis podem ser replicadas, compartilhadas e acessadas por infraestruturas de processamento em ambas as regiões (da sede e da filial).

**Fabiano: Perfeito, Kadu. Agora vamos falar de dinheiro? Por que a infraestrutura digital é um investimento mais assertivo para as empresas?**

**Carlos Eduardo:** Fabiano, pensar e estruturar uma arquitetura híbrida possibilita que os investimentos sejam direcionados e dimensionados de forma mais assertiva.

Por exemplo, se optarmos por um modelo centralizado de infraestrutura, todos os recursos, independentemente da origem de seus acessos ou finalidade, estarão concentrados em um único ponto, o que muito provavelmente fará com que o dimensionamento dos recursos seja generalista, a fim de possibilitar a coexistência de serviços distintos nesta infraestrutura. Além disso, a contingência desse modelo se dará com duplicação de hardware e/ou software, também em um padrão generalista.

Quando comparamos essa abordagem centralizada com uma abordagem híbrida, conseguimos distribuir os investimentos e destinar recursos com maior aderência a um determinado serviço. E em muitos dos casos, inclusive, substituindo altos investimentos de CAPEX por OPEX, pois mesmo adquirindo equipamentos como OPEX ainda há uma taxa de correção ou juros acrescida no valor da aquisição, o que eleva ainda mais o valor.

Então, por exemplo, a empresa com uma infraestrutura centralizada que lance um serviço novo, sem histórico, acaba por optar por **superdimensionar o investimento** inicial supondo um cenário de alta demanda – o que pode não ocorrer – e isso é mais comum do que se imagina.

No caso de uma empresa com infraestrutura digital híbrida, ela pode **redimensionar os recursos conforme a demanda,** de forma rápida e flexível, pagando conforme a utilização. Um modelo de OPEX, consumir os recursos de forma distinta.

Isso demonstra que as ações da área de tecnologia devem estar em maior sintonia com **as estratégias do negócio** e com a velocidade de resposta que hoje é requerida.

A infraestrutura híbrida possibilita inclusive que testes de lançamento de serviços, análises de impacto ou reflexos para demandas não conhecidas ou reprimidas, possam ser suportados e mensurados em um ambiente específico, destinado para aquele projeto ou demanda, podendo figurar em definitivo, dependendo do resultado, como um ambiente produtivo.

Com esse approach, não só os investimentos dos projetos são mais facilmente mapeados, como o tempo de preparação e adequação da infraestrutura acaba sendo consideravelmente reduzido.

Dito isso, pense em como empresas – que possuem **demandas sazonais** ou que precisem criar resiliência dos serviços com rápida escalabilidade e flexibilidade – atuam, possibilitando que retornem aos padrões normais de custo com os investimentos em tecnologia acompanhando essa variação dessa demanda.

**Empresas de varejo, que sofrem com a sazonalidade de datas festivas e aumento de demanda como na Black Friday,** precisam de estratégias de infraestruturas digitais híbridas exatamente por isso.

Lembrando que, após esses eventos de curta duração, essas infraestruturas podem ser redimensionadas, reduzidas ou mesmo descartadas. Isso cria uma sinergia muito grande entre a demanda e o investimento.

Em um passado recente, a Netflix reestruturou estratégia e passou a prover streaming dos vídeos com uso de um processamento em edge computing, direcionando e fracionando os acessos em pontos de processamento distintos, não sobrecarregando um ponto central ou pontos centrais.

Isso demonstra que **descentralizar processamento e investimento** é uma estratégia relevante a ser considerada.

**Fabiano: Ótimo, sempre bom saber dar valor aos investimentos da empresa. Agora, para finalizar, gostaria que você comentasse a respeito das tendências para os próximos anos com relação a infraestrutura digital. Como o pós-pandemia, o 5G e outras inovações e situações, por exemplo, podem exigir mais das infraestruturas de processamento das empresas e das organizações?**

**Carlos Eduardo:** Fabiano, sem dúvida o advento de uma pandemia promoveu, de forma extremamente rápida, a necessidade de mudança de cultura, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional. E algumas dessas mudanças não só permanecerão como evoluirão, dando espaço a outras necessidades que ainda desconhecemos.

Essa rápida adaptação só foi possível por quê nos encontrávamos com um ecossistema digital maduro suficiente para reagir à essas demandas e viabilizar o uso massivo desses ambientes digitais.

É claro, que as infraestruturas digitais foram colocadas à prova e precisaram se adequar com tanta velocidade quanto à demanda exigia.

Durante a primeira fase da pandemia, de acordo com pesquisa divulgada pela Fundação Instituto de Administração (FIA), **46,7%, das empresas foram obrigadas a adotar o trabalho remoto,** o que vimos aumentar durante a evolução dos casos de COVID.

A Revista Exame publicou uma matéria contendo os dados do impacto da pandemia em algumas áreas e empresas. As três maiores empresas de computação em nuvem, tiveram um **aumento de 32% no faturamento** em relação ao 2019.

Outro exemplo foi o da plataforma de videoconferência Zoom, cujas ações valorizaram 270% em 2020, com o número de participantes diários em reuniões saltando de 10 milhões em dezembro de 2019 para mais de 300 milhões em abril de 2020 – um **aumento de 3.000% na demanda** para essa infraestrutura digital.

Esses exemplos demonstram a necessidade de se pensar em arquiteturas híbridas para suportar demandas não previstas.

Quanto ao futuro, os adventos de novas tecnologias de transmissão de dados como o 5G possibilitará altas velocidades de comunicação, exigindo um tempo de resposta mais eficiente das infraestruturas de processamento. Isso sugere que optemos mais por estratégias de infraestrutura digital híbrida, com forte adoção de modelos de [**edge computing**](https://bit.ly/3p0aIYd).

Atrelado a essa possibilidade de altas taxas de transmissão de dados e o alto poder de processamento que temos hoje, incluindo dispositivos móveis, novas demandas surgirão, como um maior uso de tecnologias de realidade virtual, realidade aumentada e IA (inteligência Artificial), o que fará com que entremos em outro patamar com o advento da computação quântica.

Cada vez mais, teremos o **fortalecimento do mundo real interagindo e sendo impactado pelo mundo virtual,** e por isso, a visão de um ecossistema digital tem tamanha sinergia, pois a interação com nosso ecossistema físico, fortalecerá ainda mais essa correlação e interação de forma mais latente e interdependente.

Isso pode parecer um tanto filosófico, mas quantas pessoas utilizam e confiam no direcionamento do aplicativo Waze, por exemplo, para lhe dizer o melhor caminho, mesmo que se conheça profundamente a região ou trajeto. Isso mostra a correlação entre meios, de forma latente e interdependente.

Na esfera de governo, vemos uma enorme mudança também, com cada vez mais **serviços sendo prestados digitalmente,** o que aumenta a demanda da infraestrutura de tecnologia.

Fabiano, diante desse cenário, as demandas de tecnologia somente tendem a crescer e, para suportar isso, as empresas e instituições precisam começar a planejar essa infraestrutura digital o quanto antes, tendo como foco **a resiliência, a disponibilidade e o desempenho de suas operações.**

**Fabiano:** Muito bem, infelizmente o nosso tempo aqui acabou mas certamente que este é assunto que ainda não esgotou. Há muito para se debater sobre o tema ao longo deste ano. Bem, conversamos aqui com **Carlos Eduardo Dumard, Gerente de Soluções de Tecnologia da green4T,** sobre **Infraestrutura Digital.**

**Kadu,** foi um prazer, muito obrigado pela presença e por compartilhar os seus conhecimentos aqui conosco.

**Carlos Eduardo:** Fabiano, o prazer foi meu, e mais uma vez, agradeço a oportunidade em participar do greenTALKS e espero que tenha conseguido esclarecer e agregar um pouco mais sobre os temas.

**Fabiano:** Com certeza conseguiu. Então é isso, convido você a continuar a acompanhar o nosso podcast e também outros conteúdos relevantes sobre a tecnologia no **blog INSIGHTS,** no site da green4T.

Nós esperamos que tenha gostado desta edição. Muito obrigado e até o próximo programa!