Globalmente, a indústria bancária é a que mais investe em tecnologia, depois dos governos. De acordo com o Gartner, o volume chega a US$ 3 trilhões anuais. No Brasil, foram cerca de US$ 35 bilhões, apenas no ano passado, segundo a Federação Brasileira de Bancos, na Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2022, realizada em parceria com a Deloitte.
Ainda assim, uma pesquisa realizada pela publicação especializada American Banker indica que a maior parte das empresas do setor planeja elevar em pelo menos 10% os investimentos em tecnologia em 2023.
É um dinheiro destinado à busca por competitividade em um mercado que tem sido sacudido por novos entrantes, mudanças regulatórias e de infraestrutura. Startups do setor captaram, só nos últimos cinco anos, cerca de US$ 11 bilhões para desenvolver novos produtos e financiar programas de expansão, de acordo com a Sling Hub, plataforma de inteligência de dados.
Em paralelo, o Banco Central brasileiro lançou um sistema de pagamentos instantâneo, o PIX, e avançou na implementação de uma série de mudanças regulatórias, como o open banking e do open finance, que permitem maior personalização dos serviços.
Diante do aumento da concorrência e das mudanças regulatórias, as empresas do setor têm priorizado algumas tecnologias para atender às crescentes expectativas dos clientes. Entre elas, de acordo com a Febraban, três das mais importantes são IA, Big Data e 5G.
Entenda abaixo porque cada uma delas vem ganhando destaque e como está sendo usada pela indústria:
- IA – A inteligência artificial está em todos os lugares e terá protagonismo crescente. No setor financeiro, em particular, a expectativa é de que cresça a uma taxa anual composta de 25%, até 2027, afirma estudo da Mordor Intelligence. Seu uso é voltado tanto para a redução de custos quanto para a melhoria da experiência dos clientes e a oferta de produtos personalizados. Entre os exemplos mais conhecidos estão os chat de atendimento, a prevenção e a análise de fraudes. Mas há iniciativas bem mais sofisticadas em curso, como a plataforma NOMI, de um dos maiores bancos canadenses. Idealizada para ajudar os clientes a planejarem melhor suas finanças, ela oferece previsões de fluxo de caixa, para que os clientes saibam de quanto vão dispor nos sete dias seguintes. A NOMI também tem um recurso que, quando ligado, arredonda para cima o valor de pequenas compras e envia os centavos de diferença para uma conta poupança, ajudando na formação de reservas e na melhoria da saúde financeira dos clientes. O banco mais rentável do mundo, no ano passado, também usa a IA para identificar e comunicar os usuários de seu assistente virtual, chamado Eno, sobre aumentos em serviços por assinatura no cartão de crédito. No Brasil, uma das novas fronteiras da IA, em 2023, é o reconhecimento de voz e a integração de chatbots a assistentes virtuais, como Alexa, Google e Siri.
- Big Data – O open finance, que inclui o open banking, é também conhecido como sistema financeiro aberto, por permitir a troca de informações dos clientes entre as instituições, quando autorizadas pelos mesmos. Com a sua implementação, a Febraban estima que os bancos brasileiros vão elevar os investimentos tanto em CRM quanto em Big Data. É um movimento que vem na esteira também da proliferação de dispositivos usados no acesso e na interação digital com os bancos. A necessidade de organizar, integrar e analisar esse volume crescente de dados deve levar o mercado de Big Data Analytics a se expandir globalmente a uma taxa composta de 23% ao ano, até 2028, indica um estudo da Mordor Intelligence. Além de ajudar na detecção de fraudes e na melhoria de processos, o maior volume de informações é visto como estratégico pelo mercado, por permitir a personalização e o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores. O cruzamento de uma variedade crescente de fontes, que vão de transações financeiras e informações de redes sociais a interações diretas, vai permitir que os bancos tenham uma visão cada vez mais completa, matizada e contextualizada dos clientes. O cruzamento de variáveis demográficas com o histórico de transações e ofertas recusadas no passado, por exemplo, pode evidenciar padrões que irão ajudar no desenvolvimento de ofertas, produtos e serviços personalizados, com maior potencial de vendas. Ou dar origem a opções de cross-selling. Tudo em ciclos de desenvolvimento cada vez mais curtos, de dias ou semanas, em vez de meses, afirma a consultoria McKinsey.
- 5G – A recente chegada do 5G ao mercado foi um marco para a internet das coisas (IoT) e, em função disso, sua expansão abre novas fronteiras para os bancos. A começar pelo fato de que qualquer dispositivo “usável” (wearables), conectado à internet, poderá se tornar um meio de pagamento – relógios, óculos e anéis, por exemplo. Soluções de pagamento com menos “fricção”, baseadas em biometria e reconhecimento facial, também vão se tornar bem mais comuns. Além disso, mais dispositivos conectados à internet significam mais informações sobre os clientes e seus hábitos de consumo, que poderão ser traduzidos na personalização de produtos e serviços. O 5G permite a conexão de até 1 milhão de dispositivos por quilômetro quadrado, contra 10 mil no 4G. No setor agrícola, por exemplo, existe a expectativa de que, com mais informações sobre a produção, atualizadas com mais frequência, será possível avaliar melhor os riscos envolvidos (com o auxílio de IA) e oferecer aos produtores ofertas de crédito personalizadas.
Trata-se de um cenário em que o volume de interações entre pessoas, empresas, máquinas e plataformas online é contado na casa dos bilhões ao dia, e tende a crescer em ritmo acelerado.
Processamento de dados em todo lugar
A utilização de uma infraestrutura híbrida que combina data center on-premises, edge computing, nuvem e IoT oferece uma série de vantagens para as organizações. Algumas dessas vantagens incluem:
- Flexibilidade: permite que as organizações escolham a plataforma certa para cada carga de trabalho, levando em consideração fatores como custo, desempenho, segurança e disponibilidade;
- Escalabilidade: as organizações podem dimensionar recursos conforme necessário, sem precisar investir em infraestrutura adicional ou incorrer em custos excessivos;
- Resiliência: garante a continuidade dos negócios em caso de falhas, interrupções ou desastres naturais;
- Eficiência: otimiza o uso de recursos, minimizando o desperdício e reduzindo os custos operacionais.
Quando se trata de decidir quando utilizar cada uma das plataformas de infraestrutura, existem algumas considerações importantes a serem levadas em conta:
- Data center on-premises: recomendados para cargas de trabalho que exigem alta segurança e controle sobre os dados, como processamento de transações financeiras ou de saúde, que precisam cumprir requisitos regulatórios. Eles também são uma opção viável para cargas de trabalho que exigem baixa latência ou alto desempenho, como processamento de dados de alta intensidade.
- Edge computing: utilizado para cargas de trabalho que exigem baixa latência, como processamento de dados em tempo real. Ele também pode ser usado para reduzir a carga na nuvem, movendo parte do processamento de dados para a borda da rede.
- Nuvem: empregada para cargas de trabalho que exigem escalabilidade, flexibilidade e agilidade, como desenvolvimento de aplicativos, análise de big data e colaboração remota;
- IoT: os dados coletados podem ser usados para análise de big data, monitoramento remoto e automação de processos.
Em resumo, a infraestrutura híbrida oferece às organizações a flexibilidade e a escalabilidade necessárias para atender às demandas variáveis de carga de trabalho. A escolha das plataformas corretas dependerá das necessidades específicas da organização e dos requisitos de cada carga de trabalho individual.
Os bancos estão investindo cada vez mais em tecnologias para garantir sua competitividade em um mercado que tem sido marcado por novos entrantes, mudanças regulatórias e de infraestrutura. A nova dinâmica vai exigir maior personalização, e investimento em infraestrutura de TI para continuar inovando.