Dados, como definiu a revista The Economist, são o petróleo da economia digital. A partir deles, companhias de tecnologia, como Alphabet, Tencent e Facebook, geravam mais de 70% de suas receitas, já em 2019 – segundo um levantamento da alemã LSP Digital. Hoje, com a aceleração do processo de transformação digital, além das big techs, cresce rapidamente também o número de empresas, dos mais diversos portes e atividades, capazes de explorá-los na melhoria de processos, na tomada de decisões e no desenvolvimento de produtos.
Mas, para que os dados possam ser usados da melhor forma possível, e acessados com rapidez e segurança, ter um ambiente de TI bem planejado, seguro, disponível e sustentável faz toda a diferença na aceleração digital das empresas.
Em um mercado cada vez mais digitalizado, em que os clientes têm se acostumado com tecnologias que geram maior eficiência, produtividade e inteligência para a operação, o armazenamento e processamento de dados em ambientes híbridos vem ganhando espaço no mercado. Entretanto, esse contexto da Indústria 4.0 demanda o uso de soluções diferentes e complementares, seja data center core, cloud, IoT ou edge computing. Entretanto, essa “jornada digital híbrida” é uma tarefa delicada e que exige atenção para mitigar os riscos e evitar “downtime” das atividades.
Há, contudo, uma série de erros comuns e dicas úteis que valem para qualquer empresa na hora de desenhar a estratégia para o ambiente de TI. Ignorar conselhos básicos – como realizar uma análise prévia de maturidade da infraestrutura existente, definir a tecnologia mais aderente ao negócio e escolher um parceiro que seja agnóstico e capaz de prover as mudanças necessárias voltadas à economia digital – pode não ser problema no curto prazo. Mas é um caminho certo para custos mais elevados e prejuízos, na medida em que a companhia cresce e amadurece tecnologicamente, no médio e no longo prazo.
Na ponta do lápis
Com a expansão da digitalização no mercado, o uso de dados pelas empresas cresce exponencialmente. De acordo com um levantamento da Statista, o volume deverá passar de 97 zettabytes, neste ano, para 181 zettabytes, em 2025. Em 2019, era 41 zettabytes. Com isso, consequentemente, cresce a necessidade de processamento, tendência que elevará o consumo de energia elétrica. Hoje, porém, com os chamados green data centers, é possível mitigar não apenas as emissões, mas também elevar a eficiência energética da TI. No caso da energia, a queda pode ser de até 60% com o uso de novas tecnologias e abordagens multidisciplinares capazes de tornar todo o ambiente mais sustentável.
Erros comuns
A partir do planejamento inicial, torna-se mais fácil também evitar alguns tropeços comuns a empresas que negligenciam a importância em adotar um plano voltado para a alta disponibilidade e maior eficiência do centro de dados. Os mais comuns são: migrar para a nuvem sem realizar uma criteriosa análise dos workloads; negligenciar ações preventivas e preditivas para reduzir os riscos de downtime; minimizar a importância de se ter um serviço voltado à continuidade e longevidade dos equipamentos; e não contratar equipes qualificadas e multidisciplinares.
Apesar dos custos iniciais em investir em um data center on premise, essa estratégia gera diferenciais importantes para a companhia por possibilitar a adoção de soluções sob medida voltadas para a melhora da gestão e segurança do ambiente de TI. Além disso, com um planejamento alinhado aos negócios da companhia, é possível implementar uma jornada híbrida levando para a nuvem apenas as cargas de trabalho que fazem sentido dentro da atuação da empresa, evitando assim custos que não tinham necessidade.
Segundo o Gartner, a estratégia digital híbrida, que combina centros de dados on premise, edge e cloud computing, passará a predominar no mercado até 2024. No ano passado, apenas 15% das empresas adotavam essa atuação digital. Em dois anos, porém, a estimativa é de que o percentual chegue a 60%.
Há ainda os custos operacionais, que envolvem desde a implantação do data center e de soluções voltadas à proteção dos dados, até a contratação de serviços que visam a alta disponibilidade e aumento da eficiência energética. Esses gastos abrangem equipes cada vez mais qualificadas e capacitadas para atuar com plataformas inteligentes e de atuação remota, além da necessidade da contratação de serviços 24x7x365 para evitar outages do ambiente de TI que prejudique os negócios da companhia.
Um dos erros recorrentes em empresas sem estratégia de TI adequada é a falta de ações preventivas. A ocorrência de downtime no sistema e paradas não programadas podem significar perdas financeiras e/ou de reputação imensas. Segundo estudo da empresa americana de pesquisas Forrester realizado com 157 executivos da área de tecnologia, o custo de uma hora de interrupção no processamento de dados pode chegar a até US$ 1 milhão.
Em fevereiro de 2022, uma das principais empresas de comércio online do país perdeu cerca de R$ 1 bilhão, em cinco dias, depois que um ataque hacker derrubou seu sistema. De acordo com a edição mais recente do relatório de análise de interrupção (Outage Analysis Report), do Uptime Institute, em mais de 60% dos casos, as falhas custam em média pelo menos US$ 100 mil dólares. Em 15% dos casos, custam mais de US$ 1 milhão, e o percentual vêm subindo ao longo dos anos.
A boa notícia é que os riscos podem ser drasticamente reduzidos com a adoção de um conjunto de melhores práticas e uma atuação planejada. Entre as iniciativas estão: mapeamento de equipamentos e softwares, e de seus ciclos de vida; criação de rotinas de verificação e atualização dos ativos; implementação de ações preventivas e preditivas; e investimento em pequenos estoques estratégicos com peças e insumos críticos. Com isso, é possível antecipar falhas, identificar licenças vencidas, trocar peças fora da validade recomendada pelo fabricante e equipamentos defasados, que possam comprometer a segurança do sistema.
A questão mais sensível na adoção de um plano voltado ao processamento de dados, no entanto, é a capacitação das equipes envolvidas. Para que todo o trabalho de planejamento, implantação e operação possa ser feito de maneira adequada, é preciso ter gestores e profissionais capacitados em diferentes especialidades. Em alguns casos, é necessário ter pessoal disponível em tempo integral para lidar com eventuais problemas, em cada unidade da empresa onde houver um data center.
Além do recrutamento de talentos no mercado, a melhor maneira de se buscar isso, considerando a escassez de mão de obra de TI, no Brasil e no mundo, é treinar as equipes internas, incentivar sua atualização contínua e contar com parceiros estratégicos que possam suprir lacunas técnicas. Na dinâmica do mundo da tecnologia, todos os dias surgem novas soluções para problemas antigos, novas linguagens de programação, APIs, softwares e plataformas que podem facilitar o trabalho e a adaptação da empresa a novos cenários de mercado.
E há, ainda, a opção de deixar tudo isso, ou apenas uma parte, na mão de empresas especializadas em ambiente de missão crítica, como a green4T.