Na cidade de São Mateus, litoral do Espírito Santo, um grandioso projeto logístico e industrial começa a ganhar forma e deve ser concluído até o final da década: o Petrocity – Logística Assertiva. Trata-se de um imenso complexo de 335 mil km2 que pretende integrar operações portuárias, ferroviárias e rodoviárias, visando escoar a produção de estados como Bahia, Goiás e Minas Gerais e facilitar a chegada de cargas internacionais ao interior do Brasil. Como diferencial, um sistema tecnológico inteligente está sendo desenvolvido – com a participação da green4T – para dinamizar e dar mais segurança física e jurídica às operações, além de permitir total visibilidade às cargas para os seus proprietários.
“Queremos dar uma visão de cenário a todos os envolvidos na operação, com planejamento e segurança, integrando as diversas unidades do condomínio logístico”, afirma José Roberto Barbosa, CEO do Petrocity Group.
Acompanhe na entrevista a seguir como as ferramentas digitais deverão colaborar para garantir o futuro não apenas do Petrocity, mas também no desenvolvimento de todo o setor logístico do país.
Fabiano Mazzei – Olá, seja muito bem-vindo, seja muito bem-vinda a mais um episódio do podcast greenTALKS. Eu sou Fabiano Mazzei, jornalista da green4T, e lembro que você pode encontrar este conteúdo aqui no Spotify, no YouTube, em nosso blog Insights e também em todas as nossas mídias sociais.
A entrevista deste episódio fala sobre as A importância da tecnologia para o futuro do setor de logística no Brasil, com foco no Petrocity – Logística Assertiva, projeto grandioso que está sendo implantado e desenvolvido no litoral do Espírito Santo.
Quem conversa com a gente sobre isso é José Roberto Barbosa, CEO do Petrocity Group, a quem eu já agradeço pela presença. José Roberto, seja muito bem-vindo ao podcast greenTALKS.
José Roberto Barbosa – Bom dia para você, Fabiano, é um prazer estar falando aqui no podcast da green4T.
Fabiano – Muito bem. Para começar, eu gostaria que você nos falasse sobre o projeto do Petrocity.
José Roberto – O projeto da Petrocity teve o seu início em 2013, idealizado um pouco antes, ao final de 2012, onde dentro daquela curva de crescimento da atividade do petróleo do Brasil em função de uma localização privilegiada próximo à Bacia do Espírito Santo, idealizamos um projeto de atendimento à atividade de petróleo e gás no segmento offshore a partir de Urussuquara, que é uma localidade dentro do município de São Mateus, no Espírito Santo. Avançamos com ele nos anos 2014/15 e, com a queda na descendente da questão do petróleo, os graves problemas que assolaram a economia brasileira naquela fase, de 2016 a 2018, nós fizemos um rearranjo. Demos um passo atrás e fizemos um rearranjo no estudo e mudamos efetivamente as características do projeto, visto que nós já tínhamos adquirido as áreas e tínhamos iniciado efetivamente vários estudos avançados. Em 2017, nós conseguimos por meio da empresa que está responsável por isso dentro do grupo, fazer um rearranjo de cargas após um diagnóstico minucioso não só do nosso site e do entorno dos municípios de São Mateus e circunvizinhos, mas também de regiões como o sul da Bahia, norte e vales de Minas Gerais – como o Vale do Rio Doce, do Aço, do Jequitinhonha – e avaliamos também o norte-noroeste do Espírito Santo.
A partir desse estudo, nós enxergamos um novo perfil de cargas, um novo modelo, um novo arranjo tecnológico que, inclusive, fez o projeto deixar de ser onshore para ser um porto offshore, dentro de uma modelagem muito moderna e com a participação de um EPC brasileiro.
Avançamos com esse projeto que já vinha buscando a integração de modais, justamente um projeto em que nós estamos cerca de 50 anos à frente. Hoje vemos graves problemas em portos existentes no Brasil quanto a mobilidade de cargas, a mobilidade urbana – visto que a cidade abraçou o porto por falta efetiva de um planejamento a longo prazo. E sobre isso nós estamos trabalhando de forma distinta diferente.
Conversamos com o município, mudamos o Plano Diretor Municipal, fizemos propostas, houve um debate com o município e os municípios vizinhos para que a gente pudesse ter dentro do arranjo tecnológico, as áreas do entorno destinadas ao porto e a questão logística-industrial.
Então, buscamos também o melhor arranjo de nossa retro área, a área primária do porto, e conseguimos identificar também dentro dessa visão de integração dos diversos modais de transporte uma visão de logística assertiva. Percebemos efetivamente a necessidade – até por ser uma região desassistida – na implantação também dos modais na área ferroviária, com integração de portos secos para a realização do “porta a porta” entre o rodoviário e ferroviário, trazendo para o porto, e também efetivamente idealizando a atividade de cabotagem, que é uma da nossas pegadas dentro do nosso projeto, fazendo a integração do grande curso com cabotagem, grande curso e ferroviário, cabotagem e ferroviário com rodoviário, quer dizer, é um projeto que efetivamente integra todos os diversos modais de transporte excetuando-se o aeroviário.
Fabiano – Dentro deste objetivo de dar mais assertividade à operação logística, qual a importância do uso de tecnologia para este fim?
José Roberto – É fundamental. Não tem como nós estarmos em uma realidade que prevê um volume de 18,2 milhões de toneladas de cargas, contido dentro do contrato assinado com o Governo Federal para a implantação do porto, enxergar toda essa movimentação de cargas, sem uma ferramenta tecnológica de ponta, que traga segurança para o grupo Petrocity, para as diversas empresas que compõem esse negócio, aos diversos modais que estão inseridos efetivamente neste projeto de logística assertiva e também aos donos de carga.
Eu penso que essa questão trocar caminhões distribuídos em 1.000 km de estrada no modal rodoviário tradicional por um serviço “porta a porta” de 100 km, com pontos distintos integrando todo um sistema com três ferrovias, porto, unidades de transbordo, criando um condomínio logístico, é essencial contar com um controle efetivo. Para isso, temos de investir na capacitação de profissionais de ponta, definir uma cloud, tecnologias operacionais para uma visão em tempo real não só pelos operadores, mas também como um acesso permitido aos proprietários das cargas para que acompanhem efetivamente a movimentação daquilo que lhe é o mais caro: seus carregamentos movimentados dentro do sistema Petrocity.
Fabiano – Poderia nos dar um exemplo prático desse monitoramento digital das cargas, por exemplo, que saia da Europa e venha até o Brasil, no Espírito Santo, e é movimentada dentro do Petrocity?
José Roberto – Estamos desenvolvendo uma ferramenta com parceiros de Brasília, Minas Gerais e com a própria green4T, que será responsável pela infraestrutura de TI, pela integração dessas informações em cada uma das unidades de transbordo, integrado aos comboios ferroviários, aos navios e à questão portuária. O que nós queremos é que o proprietário da carga tenha condição de fazer um planejamento de origem-destino, com a nossa equipe fazendo com o operador indicado pelo dono da carga todo esse planejamento para que não haja dispêndio de recursos com multas, por exemplo: em diversos portos, navios têm pago multas pela permanência no fundeio de navios superior ao prazo planejado e nós não queremos que isso aconteça.
O que nós buscamos é dar uma dinâmica muito grande nessa integração. Uma carga que partiu da Europa já contará com um navio de cabotagem aguardando quando for para distribuir cargas a nível costeiro em demais portos do Brasil. Nós teremos o número de navios necessário para estar fazendo essa integração. Para fazer esse transbordo quando for da navegação de longo curso para o modal ferroviário, visando a interiorização das cargas no Brasil – no caso da importação. E na questão da cabotagem para o ferroviário, do ferroviário ao rodoviário e vice-versa, quando tudo aquilo for para exportação. Nós queremos que essa ferramenta tecnológica nos facilite e nos garanta uma movimentação planejada e segura.
Fabiano – Certo. Por favor, o que seria o chamado “porto sem papel”, conceito muito abordado ultimamente.
José Roberto – O que nós estamos buscando é justamente essa metodologia daquilo que foi o conceito do “porto sem papel”, implantado em alguns portos e que foi idealizado justamente para planejar e dinamizar as operações. Por meio de uma ferramenta efetiva de integração dos portos, buscou-se uma dinâmica maior para reduzir a burocracia. Nós vamos mais além, pois teremos condições de trazer outros benefícios dentro dessa logística assertiva do sistema Petrocity. Benefícios na movimentação de cargas, redução de custos e efetivamente uma melhoria na dinâmica para a integração não só a nível nacional – da região por onde vamos passar, no Espírito Santo, com a Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal e Goiás. E também, indiretamente, através da cabotagem a diversos outros portos distribuídos no Brasil e no Mercosul.
Fabiano – Então, para entender, estamos falando da integração de todos estes modais – marítimo, ferroviário e rodoviário – por meio de uma base tecnológica, é isso?
José Roberto – O porto sem papel é um projeto desenvolvido pelo Governo Federal para dinamizar a questão portuária. Nós estamos além disso. Nosso objetivo é ser um porto dinâmico, sem entraves, sem demanda reprimida, integrado à movimentação ferroviária, rodoviária, à navegação de cabotagem e de longo curso. Nós temos uma visão de cenário, não segmentada, onde estarão envolvidos inclusive os donos de cargas, a quem disponibilizaremos a nossa ferramenta também toda vez que fizerem uso de nosso sistema Petrocity para a movimentação de seus produtos, da origem ao destino final e sendo distribuído em todo o Brasil.
Fabiano – Para finalizar, como avalia o impacto da tecnologia para o futuro do setor logístico no Brasil?
José Roberto – Fabiano, não tem como enxergar uma logística dinâmica assertiva segura sem contar efetivamente com uma ferramenta tecnológica confiável. Hoje, temos de ter não somente a segurança digital e física da movimentação, mas a segurança jurídica também. Porque nós vamos trazer de forma efetiva através de um contrato assinado entre partes garantindo a segurança da movimentação, o tempo de permanência dentro de um vagão, a permanência da carga dentro de uma área arrendada por um período. O que nós queremos é isso: fazer com que essa ferramenta seja uma ferramenta de segurança geral dentro de uma visão de cenário naquilo que nós estamos enxergando como um grande projeto de logística assertiva, planejada e efetivamente racional.
Fabiano – Muito bem. Eu gostaria de agradecer mais uma vez a participação do José Roberto Barbosa, CEO do Petrocity Group, que analisou conosco o papel fundamental do uso da tecnologia para o futuro do setor de logística no Brasil. José Roberto, muito obrigado por dividir os seus conhecimentos aqui conosco e espero ter você aqui mais vezes no podcast.
José Roberto – Bom, o prazer foi nosso, a Petrocity está à disposição, estamos muito empolgados com as propostas apresentadas pelo Ministério de Infraestrutura e nós estamos vendo uma reestruturação, uma revolução na questão logística principalmente com esse viés do Pro Trilhos, programa do Governo par a autorização ferroviária.
Fabiano – Então é isso: se você gostou deste conteúdo, por favor, curta e compartilhe em suas redes sociais e também veja outros conteúdos relevantes sobre tecnologia que postamos em nosso blog Insights, no YouTube e em nossas mídias sociais. Muito obrigado por ficar com a gente e até a próxima!