O leilão do 5G realizado em novembro passado, que alcançou a cifra de R$ 47,2 bilhões – um dos maiores do mundo e o primeiro da América Latina –, determinou não apenas quais as empresas vão operar a nova banda de alta velocidade e suas devidas contrapartidas para o País. Ele deu a largada também para que as tech companies passem a desenvolver soluções, produtos e serviços a fim de atender os setores que se beneficiarão fortemente com a chegada da tecnologia.
Trata-se de uma oportunidade bilionária. Conforme o estudo “Panorama Sobre a Evolução do 5G e Oportunidades para o Mercado Brasileiro”, realizado pelo IDC por encomenda do IT Mídia, estima-se que a nova banda movimentará no Brasil cerca de US$ 25,5 bilhões até 2025, no estímulo ao desenvolvimento de tecnologias como o AI, Big Data e Analytics, robôs e IoT. Como complemento, o edge computing também crescerá de forma consistente por seu papel no suporte à fragilidade de um dos espectros de onda do 5G.
É o caso do MMWave (millimeter wave, em inglês), de alta velocidade de transmissão, mas que sofre diante de obstáculos físicos mais sólidos. Com a computação de borda aplicada à rede, este tipo de problema é resolvido, com o processamento sendo distribuído e realizado localmente, próximo à fonte geradora dos dados, garantindo o máximo desempenho possível da tecnologia.
No leilão, foram ofertadas as faixas de 700MHz, 2.3 GHz, 3.5 GHz e 26 GHz, cada qual com perfis de onda distintos: de baixa, média e alta frequência. Por estas características que as tornam mais ou menos velozes e resistentes, será preciso um planejamento minucioso e bem elaborado quanto à infraestrutura de TI mais adequada para se obter todas as vantagens que o 5G oferece às empresas, cidades e pessoas.
No total, 574 milhões de conexões 5G foram realizadas no mundo em 2021 – volume que deve crescer 8 vezes em quatro anos.
Dentre as indústrias, negócios e segmentos que se beneficiarão diretamente com a implantação do 5G no País estão o agronegócio, logística, indústria 4.0, games e entretenimento que deverão ser impactadas no curto prazo. Já a mobilidade autônoma para veículos e sistemas de transporte público, bem como a telemedicina avançada (cirurgias) deverão demorar um pouco mais para se consolidar.
Redes privadas
O crescimento das redes privadas de alta velocidade com o 5G é apontado como a grande oportunidade tanto para as operadoras de telefonia, quanto para as empresas do segmento de TI. Isso porque elas permitem que a nova banda alcance o máximo de sua performance, com uma imensa capacidade de trafegar dados em velocidades nunca antes vista. Tudo dentro de espaços restritos e estruturados especificamente para este fim, como em plantas industriais, plataformas de petróleo ou propriedades agrícolas de alta produtividade.
Para os realizadores do estudo do IDC/IT Mídia, o “private 5G será um mecanismo de inovação para empresas e um habilitador e acelerador para o IoT, Indústria 4.0 e edge computing”. A rede privada será especialmente relevante para superar desafios de baixa latência e alta capacidade de tráfego de dados em ambientes de missão crítica ou industrial, bem como em modelos mais tradicionais de produção e negócios, como o varejo.
No caso dos segmentos que necessitam de conectividade sempre ativa, disponível e móvel, como setor de óleo e gás, transporte, segurança e outros serviços públicos e plataformas governamentais, a implantação de infraestruturas TI que suportem essa demanda por tempo, resiliência e segurança se torna fundamental.
No âmbito industrial, a automação será extremamente beneficiada pelo amplo desenvolvimento de redes privadas de 5G a partir de agora. Fábricas, portos e galpões logísticos, por exemplo, poderão obter elevada performance de suas linhas de produção, de controle sobre a atividade portuária e dos sistemas de envio e recebimento de mercadorias, que viram a demanda explodir durante a pandemia. Para tanto, o trabalho das arquiteturas de IoT será potencializado com estas redes locais de 5G.
Sistemas particulares da nova banda larga também serão especialmente úteis a grandes redes de varejo, que baseiam parte de suas vendas em aplicativos. Ficar offline, neste caso, representa perda direta de receita e garantir a conectividade é prioridade máxima.
Em todos possíveis usos do 5G para os segmentos econômicos mais relevantes, contar com uma infraestrutura de TI segura, disponível e eficiente é a pedra fundamental. As redes privadas de alta velocidade precisam estar suportadas por empresas sólidas e com know how reconhecido a fim de cumprirem com total amplitude a sua tarefa transformadora de processos e negócios.