Por Carlos Eduardo Chicaroni (*)
Um dos reflexos da aceleração digital nas empresas e organizações é o aumento da complexidade das operações de TI. Realizar uma gestão de alta performance de infraestruturas cada vez mais híbridas, compostas por data centers, multicloud, recursos de storage e monitoramento da rede de transmissão tem exigido elevado conhecimento técnico e crescentes investimentos em equipes multidisciplinares.
É dentro deste contexto de multiplicidade de ferramentas que se tornou essencial a busca por uma solução que promova a **integração virtualizada de todas estas tecnologias de uma infraestrutura de TI.** É aqui que a hiperconvergência – ou, em inglês, HCI (Hyperconverged Infrastructure) – ganha o seu protagonismo.
A hiperconvergência se resume na implementação de **uma solução orientada por software que utiliza um hipervisor único para realizar a orquestração do processamento de dados, dos recursos de armazenamento e do networking virtualizado dentro de um mesmo sistema.** Sua adoção gera duas grandes vantagens: simplifica a infraestrutura de TI e agiliza a escalabilidade da infraestrutura quando necessário. À reboque, entrega mais eficiência à operação de TI da empresa e reduz os custos com equipes setorizadas de trabalho.
Escalabilidade e legado
Por ser baseado em software, o sistema hiperconvergente também permite uma escalabilidade mais inteligente e veloz da infraestrutura conforme cresce a demanda. Ele entrega mais processamento de dados quando há **necessidade sazonal** – por exemplo, em datas comemorativas como o Dia das Mães, dos Namorados e o Natal –, removendo os serviços quando não são mais utilizados. Isso garante a **elasticidade da infraestrutura** como um todo.
Graças a essa agilidade de implementação/remoção de serviços e aplicações (incluindo contêineres para microserviços), e o ganho na capacidade de processamento – seja adicionando novos nós ou pelo transbordo para ambientes em nuvem –, a hiperconvergência facilita bastante o desenvolvimento de cenários edge, o que, por consequência, pode gerar impacto positivo na **latência** da transmissão dos dados, no fluxo de workloads e na correção de falhas.
A hiperconvergência também pode ser utilizada lado a lado com a **infraestrutura legado** das empresas, reafirmando o valor do investimento já realizado anteriormente e permitindo a virtualização gradativa do parque computacional até a sua total adaptação a uma infraestrutura totalmente hiperconvergente.
Com isso, atenua-se também outro problema que é a **subutilização de data centers.** Neste ponto, a hiperconvergência também é bem-vinda por gerar maior aproveitamento da capacidade computacional, melhor gestão energética, menor consumo de espaço e de infraestrutura em data centers.
Hiperconvergência e edge
A hiperconvergencia permite construir soluções de computação de borda com **extrema agilidade**, entregando appliances hiperconvergentes escaláveis nos limites do sistema, prontos para trabalhar e capazes de suportar grandes cargas de processamento e armazenamento de dados.
Estes mesmos appliances partilham de todas a características de uma solução de hiperconvergência que encontramos em data centers, ou seja, cada um destes appliances permite que diversos serviços – por meio de máquinas virtuais, contêineres e microserviços – sejam implementados de maneira **instantânea e sem intervenção humana**, tudo orquestrado pela solução de hiperconvergência (hipervisor).
Sendo assim, mais uma vez o gestor de TI pode orquestrar melhor a locação de recursos e cargas de trabalho. Além disso, é importante salientar que a **solução de hiperconvergência já está totalmente integrada às soluções de cloud**: cada ponto de processamento na borda pode ter como rota de tráfego principal um data center (regional ou local) e, como rota secundária, o envio de dados para outro edge ou para uma solução em nuvem, criando assim uma estrutura de replicação de dados e recuperação de serviços extremamente resiliente.
Indústria 4.0
É na chamada “Indústria 4.0” que os benefícios da hiperconvergência se tornam ainda mais evidentes. Com ecossistemas de produção cada vez mais inteligentes, exigindo **infraestruturas de processamento híbridas e de altíssima performance**, operacionalizar tudo isso se tornou tarefa das mais complexas para as áreas de TI.
As vantagens principais da hiperconvergência, neste caso, estão associadas ao **custo de manutenção e a velocidade de implementação** – ambos amplamente vantajosos –, a escalabilidade e a melhoria no nível de segurança e de performance da infraestrutura de TI da empresa.
Sob a ótica do investimento, conforme estimativas do próprio mercado, **cerca de 80% do valor gasto com uma plataforma hiperconvergente está relacionado ao hardware** – percentual que pode variar conforme a carga de trabalho ao qual se destinará a infraestrutura. Esta relação de valores empregados na hiperconvergência é mais um ponto de atração desta abordagem.
Mais performance = competitividade
Por todos os benefícios e vantagens já descritos anteriormente, a hiperconvergência tem um papel de grande relevância para que as empresas se tornem mais competitivas e preparadas a enfrentar os desafios de um mercado cada vez mais disputado.
O ganho de desempenho proporcionado pela **melhor orquestração da locação de recursos e cargas de dados, garantindo melhor performance e qualidade ao acesso do sistema mesmo em momentos de pico de demanda** é o impulso que as companhias precisam para continuar a crescer.
Sistemas hiperconvergentes modernos permitem que as organizações **padronizem as suas infraestruturas de TI, definido-as por software e garantindo altos índices de automação** de toda a operação.
Este é o caminho para que as companhias se adequem rapidamente às exigências da economia digital, obtendo mais performance a partir do melhor uso de tantas e novas tecnologias que a cada dia transformam os negócios, as empresas e a vida das pessoas.
**(*)** Carlos Eduardo Chicaroni é Gerente de Soluções de Tecnologia na green4T.