A transformação digital colocou o uso de dados no centro da estratégia das empresas. É a partir deles que as organizações mais modernas e bem-sucedidas identificam o perfil de potenciais clientes, traçam estratégias para alcançá-los, mapeiam possíveis parcerias, avaliam concorrentes e seus próprios diferenciais. É a partir de dados também que desenham novos produtos e serviços e orientam sua comunicação.
De acordo com a Mckinsey, as vendas de empresas que exploram insights comportamentais de clientes gerados a partir da análise de dados chegam a ser 85% maiores que as de empresas que não o fazem. Analisada a margem bruta de lucro, a diferença alcança 25%.
“Até 2025, fluxos de trabalho inteligentes e interações ‘perfeitas’ entre humanos e máquinas provavelmente serão tão padrão quanto o balanço corporativo, e a maioria dos funcionários usará dados para otimizar quase todos os aspectos do trabalho”, diz outro estudo da consultoria.
Em empresas de tecnologia de ponta, a importância dos dados já vai muito além. Eles são usados não apenas para otimizar processos e dar suporte à tomada de decisões. Mas são também fonte de receitas.
Segundo um levantamento realizado pela plataforma de dados LSP Digital, apenas nas nove empresas mais valiosas do mundo, os ganhos com a monetização de dados somavam cerca de US$ 397 bilhões, em 2019. Em alguns casos, como os da Alphabet, do Facebook e da Tencent, superavam com folga os 70%. “Os dados contam como um dos principais recursos do século XXI e são cruciais para as empresas se manterem competitivas”, diz o estudo da LSP.
Infraestrutura vital
Como consequência, a infraestrutura usada para armazenar os dados, processá-los, gerenciá-los e protegê-los vêm ganhando importância vital. Sem uma arquitetura de data center adequada, fatores chave para uma estratégia de negócios data centered (baseada em dados), como escalabilidade, disponibilidade e segurança, ficam comprometidos.
A atenção à escalabilidade é importante para garantir que a empresa possa se adequar rapidamente, em termos de infraestrutura, às flutuações da demanda, que costumam acontecer muito rapidamente em ambientes digitais. Para isso, podem ser usados data centers on premise, computação de borda, ou nuvem. Ou uma infraestrutura híbrida, para escalar o parque tecnológico, otimizar o ambiente de TI e garantir o melhor desempenho e sustentabilidade da operação.
A decisão final envolve considerações a respeito de projeção de demanda futura, disponibilidade de capital e consumo de energia, entre outros fatores. O mais importante é que a expansão possa ser feita de forma prática e sustentável, ambiental e economicamente.
Tanto quanto a possibilidade de atender rapidamente aos aumentos da demanda, é fundamental também que a empresa conte com alta disponibilidade da infraestrutura. Na prática, isso significa que é preciso garantir disponibilidade, sejam processos ou serviços, independente da situação. Se houver uma falha, se o sistema indicar a necessidade de manutenção ou a empresa achar que é hora de ampliar o data center, o negócio precisa continuar a funcionar.
Para isso, redundância é fundamental. E não só dos equipamentos usados para armazenar e processar as informações. Mas de toda a infraestrutura: links de dados, fontes de energia, equipamentos de refrigeração e sistemas de proteção contra incêndios, por exemplo.
Mesmo com toda a infraestrutura dimensionada adequadamente, ainda existem outros riscos envolvidos na operação e que precisam ser mitigados. O principal, e cada vez maior, é o de ataques hacker. De acordo com estudo da Cybersecurity Ventures, os cibercrimes tendem a crescer ao ritmo anual de 15%, até 2025, quando os desvios anuais deverão alcançar a casa dos US$ 10,5 trilhões ao ano, globalmente. Em 2016, a cada 40 segundos, em média, era registrado um ataque de sequestro de dados (ransomware) no mundo. No final do ano passado, a frequência de golpes já havia aumentado para um a cada onze segundos. E a perspectiva era de que o mundo chegará a um golpe a cada dois segundos, em 2031. Mas há também riscos humanos e físicos à infraestrutura que podem comprometer o funcionamento do negócio.
O problema tem feito com que a segurança seja considerada prioridade quando o assunto é arquitetura de data centers. A lista de medidas para reduzir os riscos incluem o uso de firewalls, buscas periódicas por brechas no sistema e por equipamentos antigos sem proteção adequada. Mas também treinamento para que as equipes evitem o reaproveitamento de senhas, cliquem em mensagens suspeitas ou exponham informações pessoais que possam servir para a aplicação de outros golpes por cibercriminosos. Do ponto de vista físico, há ainda medidas a serem tomadas tanto contra incêndios e catástrofes naturais, como para evitar o acesso não autorizado de pessoas estranhas.
Especialidade crítica
Com a ascensão dos data centers e de toda a infraestrutura de TI a uma posição central nos negócios, cresceu também a importância dos profissionais da área. Ter executivos com experiência e capacitações técnicas para dar suporte a uma estratégia de negócios data centered é hoje um diferencial competitivo importante.
São eles que terão o papel de adaptar às empresas a novas tendências apontadas pela Gartner para os próximos anos, como a democratização dos trabalhos de TI, cada vez mais executados por pessoas de outras áreas; a crescente falta de mão de obra especializada e a pressão por automação para a redução de custos, em diferentes áreas de negócios.
O que não tem perspectiva de mudar é a demanda crescente por dados e por infraestrutura para usá-los de modo mais e mais estratégico.